As importações brasileiras de produtos chineses totalizaram mais de US $ 19 bilhões no primeiro trimestre de 2025. O valor representa um aumento de 34,9% no mesmo período de 2024. O crescimento ocorre em meio à piora das tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos.
Em entrevista ao Money Times Brasil, de Times Brasil – CNBC exclusivo licenciadoArno Gleisner, diretor de comércio exterior da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (CISBRA), diz que parte desse avanço pode ser explicado por antecipações de importações.
Segundo ele, o fenômeno também foi registrado nos Estados Unidos e agora é repetido no Brasil. “É possivelmente a explicação para esse grande e inesperado aumento nas importações brasileiras”, disse Gleisner.
O especialista ressalta que há uma tentativa de antecipar possíveis aumentos nas tarifas e interrupções no fluxo comercial, o que também pode ter levado as empresas a formar inventários. Para ele, a reorganização da geopolítica internacional afeta diretamente os fluxos comerciais globais.
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China e EUA
A China, por sua vez, sinalizou que só deveria retomar as negociações comerciais com os Estados Unidos se o governo dos EUA atender a certos requisitos. Isso inclui o objetivo das declarações consideradas desrespeitosas pelos membros do Escritório dos EUA, bem como a disposição de discutir tópicos como sanções e a situação de Taiwan.
Questionado sobre a postura chinesa, Gleisner estima que existem declarações para propósito político para o público interno, mas também indicações reais para a retomada do diálogo, como a substituição do principal negociador chinês por alguém com experiência nas relações dos EUA. “Pelo menos as conversas ocorrerão. Se os resultados serão positivos, teremos que esperar”, disse ele.
Taiwan
Sobre Taiwan, Gleisner lembrou que o país é um centro estratégico de produção eletrônica e que não seria possível transferir essa produção para os EUA em um curto período. Ele citou os casos de Apple e Nvidia, cujos produtos são fabricados na China, mas cuja tecnologia é americana. “Nos Estados Unidos, uma fábrica não é construída em poucas semanas”, disse ele.
As sanções comerciais entre os dois países também foram abordadas. Gleisner apontou que os EUA e a China adotaram medidas restritivas. Um exemplo citado foi a decisão da China de impedir que as companhias aéreas comprassem aeronaves da Boeing, que, segundo ele, podem se beneficiar da Embraer.
Impactos para o Brasil
Questionado sobre os impactos da guerra comercial no Brasil, Gleisner apontou riscos e oportunidades. Entre os desafios está a possível entrada excessiva de produtos chineses no mercado doméstico. Ele disse que, neste caso, o país pode adotar medidas como cotas ou tarifas.
No lado das oportunidades, Gleisner destacou setores que podem se beneficiar do realinhamento comercial. Embraer, segundo ele, é capaz de ocupar espaço no mercado asiático, substituindo os fornecedores dos EUA. O setor alimentar também foi citado como estratégico, dado o potencial do Brasil nesse segmento. Além disso, ele mencionou produtos de menos complexidade tecnológica, como roupas e calçados, que poderiam ser exportados para os Estados Unidos mais rapidamente.
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