O sequestro de um caminhão transmitido ao vivo pela TV no dia 12, no Rodoanel de São Paulo, expôs a deterioração da segurança nas estradas brasileiras e a escalada de roubos de cargas em rotas estratégicas.
O bloqueio total da estrada, a suspeita de uma bomba e a mobilização do Portão transformaram um crime rotineiro — o roubo de mercadorias — num episódio de repercussão nacional, capaz de paralisar um dos principais corredores logísticos do país.
O caso pelo menos esclarece um drama que o setor dos transportes conhece bem: os motoristas estão cada vez mais vulneráveis, a cadeia logística opera em maior risco devido à ação de gangues especializadas e O consumidor é quem paga por issocom aumentos nos custos de frete para absorver seguros e acompanhantes.
Para especialistas, como o gerente corporativo da empresa de segurança Corpvs, Paulo Buriti, incidentes desse tipo mostram como a falta de tecnologia a bordo, telemetria e integração com autoridades também compromete a capacidade de reagir em situações críticas.
Roubo de carga e a fragilidade estrutural do transporte rodoviário
Segundo o gerente corporativo da Corpvs, a quase total dependência do país do transporte rodoviário – responsável por cerca de 90% do transporte de cargas – torna o sistema especialmente exposto ao roubo de cargas.
Fatores como falta de iluminação, estradas degradadas, longos trechos sem sinalização e áreas rurais de difícil monitoramento criam oportunidades para gangues especializadas agirem com precisão.
A rápida revenda de bens roubados, inclusive para países vizinhos, aumenta a atractividade económica do crime e aumenta a chamada Custo Brasilpressionando os transportadores, os expedidores e o setor de seguros.
Para Buriti, o impacto financeiro só aumenta e já molda decisões logísticas em diversas regiões do país.
Tecnologia como resposta rápida a sequestros e desfalques
Em situações como o Rodoanel, o tempo de resposta é decisivo. Buriti explica que rastreadores inteligentes, bloqueadores automáticos e sistemas avançados de telemetria já permitem identificar, em apenas alguns segundos, paradas não programadas, desvios repentinos da rota original ou abertura indevida do compartimento de carga.
A tecnologia de vídeo a bordo complementa esta análise registrando o ambiente interno e externo do veículo, fornecendo evidências em tempo real às autoridades.
Segundo o executivo, “quando o sistema detecta comportamentos fora do padrão e aciona automaticamente a equipe de segurança, reduzimos minutos preciosos que podem definir o desfecho do caso”.
Para ele, esse curto intervalo muitas vezes separa a recuperação da carga da perda total.
Telemetria para prevenção
A telemetria monitora o comportamento do motorista e do veículo de ponta a ponta – velocidade, frenagem, rota, tempo de parada, aceleração, abertura de portas e eventos fora do padrão.
Todos estes dados são enviados para uma central, que identifica anomalias e contacta rapidamente a equipa responsável.
Quando integrada ao vídeo, a tecnologia permite identificar sinais de cansaço, distração, uso de celular e outras práticas que aumentam o risco de incidentes.
Para Buriti, a combinação de telemetria e vídeo tem sido responsável por reduções consistentes no número de acidentes e melhorias no comportamento operacional das equipes nas estradas.
Roubo de carga e a importância da inteligência de dados
A evolução da segurança logística passa pelo uso intensivo de inteligência de dados. Plataformas especializadas cruzam histórico de ocorrências, horários de maior risco, perfil da carga e condições das estradas para indicar rotas mais vulneráveis ao roubo de cargas.
Com isso, as transportadoras podem planejar rotas, ajustar janelas operacionais e evitar pontos críticos.
Dados de vídeo e telemetria enriquecem essa análise ao mostrar onde está o risco e também como o motorista se comporta em situações tensas ou em trechos complexos.
Este contexto detalhado melhora as decisões operacionais e reduz a exposição desnecessária.
Falhas na integração ainda limitam a resposta nacional
Apesar dos avanços relevantes no Sudeste, Buriti explica que a integração entre transportadoras, segurança privada e forças policiais ainda é desigual no país.
Falta uma padronização nacional para o compartilhamento de dados em tempo real, o que impede que informações de telemetria, vídeo e alertas automáticos sejam utilizadas de forma coordenada pelas autoridades.
A integração total teria o potencial de aumentar a taxa de recuperação de carga e reduzir o tempo de resposta da polícia em situações de alto risco.
Segundo o executivo, esse é um dos gargalos mais urgentes na segurança logística do Brasil.
IA e rastreabilidade moldam a próxima fase da segurança logística
Para o executivo, a próxima fronteira da segurança logística é o uso de inteligência artificial para antecipar ameaças. Os sistemas modernos já correlacionam o clima, o histórico criminal, o tipo de carga, as condições da estrada e o comportamento do motorista para prever momentos de maior vulnerabilidade.
A análise de vídeo por IA pode identificar sinais de fadiga, movimentos suspeitos ou padrões de condução incompatíveis com a operação normal.
Buriti também destaca o avanço da nova lei de rastreabilidade, que deve criar um código unificado para identificar os produtos e dificultar a revenda clandestina — pilar importante para reduzir o incentivo ao roubo de cargas.
Ele acrescenta que a democratização de tecnologias como telemetria e vídeo deverá aumentar a adoção entre empresas de todos os portes, abrindo espaço para mudanças estruturais no setor.
Leia também:
Embraer: Super Tucano é adaptado para caçar drones e ampliar vendas na Europa
Privatizada, Emae tem lucro recorde após um ano sob nova gestão
Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Céu | Canal 592 ao vivo | Canal 187 Olá | Operadores regionais
TV SINAL ABERTO: antena parabólica canal 562
ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube
Canais RÁPIDOS: Samsung TV Plus, canais LG, canais TCL, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos fluxos