Robert E. Yarber está no topo do mundo – literalmente. O americano de 41 anos mora atualmente em Tromso, na Noruega, uma cidade que você encontrará quase no ponto mais alto do mapa. Fica a cerca de 350 quilômetros ao norte do Círculo Polar Ártico.
E considerando seu passado conturbado – e a paz que encontrou em sua nova casa – essa também é uma boa descrição de seu estado emocional.
“Eu estive em uma cela de prisão, uma cela de 1,8 por 2,7 metros, com outro homem adulto durante cinco anos da minha vida”, diz Yarber. “Eu queria ver Paris, Londres, Berlim, nadar no Mediterrâneo, ver o Mar Morto. Queria ver todas essas coisas com meus próprios olhos. Não queria vê-las na TV.”
Pouco depois de sair definitivamente da prisão em 2014, Yarber embarcou numa aventura europeia, que o levou a viajar por 44 países e a construir uma nova casa fora dos EUA. “Apostei tudo em mim mesmo e apostei tudo”, diz ele.
Yarber atualmente trabalha como bartender e gerente de bar, ganhando cerca de US$ 26 por hora, o que equivale a uma renda anual de aproximadamente US$ 46.000. Não é uma fortuna, mas é mais que suficiente para viver confortavelmente entre pessoas que, segundo ele, o acolheram muito.
“É muito amor e me sinto muito bem-vindo. Quer dizer, a Noruega é minha casa”, diz ele. “Quando estou nos Estados Unidos, sinto-me como um peixe fora d’água. E agora, aqui na Noruega, posso circular com mais liberdade.”
Más decisões e prisão
Quando jovem, Yarber fazia a maior parte de suas “jogadas” no campo de futebol – ele até quebrou recordes de interceptações no penúltimo ano do ensino médio, em Corvallis, Oregon.
“Pensei em ir para a universidade e seguir em frente”, diz ele.
No entanto, duas lesões no joelho encerraram sua carreira esportiva e ele abandonou a faculdade após o primeiro ano. Ele conseguiu um emprego lavando pratos no Denny’s, o primeiro de muitos na indústria de alimentos e bebidas.
Em 2006, aos 21 anos, tudo saiu dos trilhos. Durante uma festa, Yarber e um amigo brigaram com outros convidados — situação que, segundo ele, virou um grande tumulto. Quando conseguiu voltar para o carro, enfrentou um dilema.
“Eu estava sentado lá e pensei: ‘Cara, eu poderia entrar no carro e ir embora. Estou livre'”, diz ele. “Mas este era meu melhor amigo na época. Este era meu colega de quarto e ele ainda estava lá sozinho, sem ninguém para ajudá-lo.”
Yarber tirou dois tacos de beisebol do porta-malas e voltou. Ele mesmo admite que foi a escolha errada.
Como resultado, ele passou quatro anos na Penitenciária Estadual de Oregon. E, ao sair, descobriu que se reerguer seria mais difícil do que imaginava.
“Quando saí e tentei arranjar um emprego, não consegui”, diz ele. “Tentei todos os empregos que queria. Nada. Tentei todos os empregos que não queria. Nada também. Até tentei empregos que pensei que estivessem ‘abaixo’ de mim. Mesmo assim, nada.”
Para se sustentar, aceitou a proposta de um ex-companheiro de cela para vender cocaína. Ele foi preso novamente e passou mais 14 meses na prisão. Ele foi libertado em março de 2014 — e desde então não teve mais problemas com a lei.
Indo para o norte e “tentando entender a vida”
Yarber teve dificuldade em sair da prisão. Ele conseguiu alguns empregos como garçom e bartender, mas teve dificuldade em manter a estabilidade na vida e nos relacionamentos, especialmente enquanto lutava contra o vício.
Quando ele e a namorada perderam um bebê durante a gravidez, Yarber entrou em depressão e sabia que precisava de uma mudança. Em dezembro de 2018, conseguiu um emprego nas Ilhas Aleutas, na costa do Alasca.
“Pensei: se eu for para lá, realmente não tenho como me meter em encrencas. É uma ilha, não posso sair”, diz ele. “Eu ia trabalhar em uma fábrica de processamento de pescado e tentar ficar sóbrio. Tentar entender a vida.”
Ele logo percebeu que o Alasca ainda não estava longe o suficiente. Ele já havia planejado uma viagem à Noruega com uma ex-namorada norueguesa, mas a viagem foi cancelada após o seu término. Com vontade de morar no exterior e o frio não sendo problema, decidiu viajar para a Escandinávia em maio de 2019.
Mas mudar-se para o exterior foi mais difícil do que ele pensava.
“Eu realmente pensei que poderia simplesmente entrar em outro país, entrar em um bar e dizer: ‘Ei, posso conseguir um emprego?’”, diz ele. Quando um empregador perguntou se ele tinha visto o documento, Yarber disse que sim – e mostrou um cartão de crédito.
Ele solicitou o visto quatro vezes, enfrentando dificuldades com comprovação de renda, qualificação profissional e vacinação durante a pandemia. Por fim, depois de frequentar a European Bartender School e reunir a documentação necessária, obteve em 2022 um visto de trabalhador qualificado, renovado anualmente por cerca de 640 dólares.
A vida na Noruega: “O país realmente se preocupa com o seu povo”
Na maioria das vezes, a vida acima do Círculo Polar Ártico é bastante pacífica.
Yarber trabalha como gerente de bar no Hotel Havblikk em Tromsdalen – uma cidade do outro lado da ponte de Tromso. É um local sofisticado, frequentado por moradores da região.
Ele ganha cerca de 260 coroas norueguesas por hora (cerca de US$ 26) e trabalha, em média, 35 horas por semana. O rendimento na Noruega é tributado a 22%, mais um imposto progressivo adicional (“imposto de banda”) e contribuição para o sistema de seguro nacional. Yarber diz que paga entre 32% e 34% em impostos, mas ainda sente que vive bem. Ele mora sozinho em um apartamento de 35 m² — com um luxo típico norueguês: piso aquecido no banheiro.
Num dia normal, ele pode ir à academia ou tomar um chai latte com os amigos – a maioria dos quais também são prestadores de serviço. Às vezes ele assiste filmes, joga videogame ou cria conteúdo para seus canais no YouTube e TikTok.
Além disso, ele sente que seus impostos são bem utilizados. Na Noruega, segundo ele, os trabalhadores têm direitos amplamente respeitados. Aqueles que trabalham fora do horário convencional recebem remuneração e o horário de trabalho não pode ser alterado sem o consentimento do funcionário – algo impensável no setor de serviços dos EUA.
E se você ficar doente ou sofrer um acidente, você estará coberto.
“Esse dinheiro dos impostos é usado para pagar cirurgias quando você precisa delas, pagar remédios, pagar transporte de ida e volta ao hospital”, diz Yarber. “Licença médica, licença parental, licença parental – tudo isso mostra que é um país que realmente se preocupa com as pessoas e que não está tentando ganhar dinheiro com tudo.”
Olhando para o futuro
Resumindo: Yarber sente que encontrou sua casa. Ele está se preparando para o teste de proficiência na língua norueguesa — parte do processo para obter a residência permanente. Ele diz que está no nível 5 de 10. Ele consegue conversar e pedir comida em restaurantes.
“Será que eu seria capaz de dar uma palestra estilo TED Talk em norueguês? Não.”
Tudo no seu tempo. Yarber espera começar a economizar para comprar um carro (atualmente ele depende de transporte público) e uma casa em sua nova cidade. Até agora, ele não economizou muito – prefere usar o dinheiro extra para viajar.
“Eu deveria estar economizando, mas talvez seja esse trauma de estar tanto tempo preso e querer conhecer o mundo. Já viajei para 44 países”, diz. “Gasto meu dinheiro em viagens. Se tiver dinheiro extra, estou viajando. Só quero conhecer o mundo.”
Uma sensação que o deixa perfeitamente à vontade na terra dos antigos exploradores nórdicos. “No fundo, sou um viking negro”, diz ele.
As conversões de NOK para USD foram feitas com base na taxa OANDA de 1 USD para 9,85 NOK em 19 de setembro de 2025. Todos os valores foram arredondados para o dólar mais próximo.
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