Um movimento silencioso, mas de grande impacto global, começa a redesenhar o comércio agrícola mundial. A decisão da China de suspender as compras de soja dos EUA no início da nova safra cria um novo equilíbrio entre os principais exportadores, fortalecendo temporariamente o papel do Brasil e da Argentina no suprimento global dos grãos.
De acordo com a análise da consultoria JPA Agro, o movimento reposiciona o Brasil “no centro do jogo”. O choque comercial expande a vantagem brasileira no curto prazo, mas também requer atenção extra. O país já registrou exportações acima da média dos últimos cinco anos, mas isso aumenta as pressões internas e pode custar à matéria -prima da indústria local, que opera com margens apertadas.
Inventário e fora -temporada em alerta
Os dados de consultoria indicam que o Brasil exportou 91,2 milhões de toneladas de soja em grãos até setembro, apenas 15 milhões abaixo da meta projetada pela Conab durante todo o ciclo 2024/25. Em agosto, as remessas atingiram 9,34 milhões de toneladas, bem acima dos últimos cinco anos de 6,94 milhões.
Esse ritmo mais intenso pode gerar desequilíbrios. Quanto mais frescas o Brasil Exporta, menor a disponibilidade de esmagamento doméstico, que gera farelo e petróleo – insere essencial para a indústria interna de suprimentos e proteínas.
A consultoria observa que já existem sinais de distorções nos preços base e derivados. Alguns esmagadores estão praticando valores legais de farelo de Chicago. Mesmo com a queda da bolsa americana, o valor no Brasil segue alto, um reflexo da escassez de grãos.
Bran e óleo
Com 78% da soja convertida em farelo e 18% em petróleo, qualquer alteração no fluxo geral de grãos tem um efeito direto na mistura industrial. O relatório de setembro revisou a produção brasileira de farelo para 45,2 milhões de toneladas até 2024/25, um aumento de mais de 10% em relação ao ciclo anterior.
No entanto, as margens esmagadoras estão baixas. Em Mato Grosso, o principal centro industrial do país, a margem bruta recuou para US $ 403 por tonelada em agosto, uma queda de 7% em relação ao mês anterior. O mercado global indica uma boa oferta, mas a dinâmica local pode levar a distorções graves. O farelo pode se tornar o elo mais sensível na prisão, seja pela escassez de grãos ou pela pressão de preços.
Prêmios, base e volatilidade
Com a ausência da China nos EUA e a concentração de demanda no Brasil, o clássico modelo de precificação de soja – Chicago, Prêmio e Exchange – pode ser distorcido. Os prêmios nos portos tendem a subir, enquanto a base do interior pode fortalecer, aumentando o custo da matéria -prima para a indústria nacional.
O grande risco é que, entre novembro e janeiro, está faltando a soja disponível no mercado doméstico. Se isso acontecer, o setor terá que pagar mais, reduzindo ainda mais margens que já estão muito compactadas.
O argentino “Coringa”
A Argentina pode mudar rapidamente o cenário. Diante da crise da moeda, o governo argentino já usou a redução temporária de risadas, impostos de exportação de grãos para capturar dólares. Uma nova rodada dessa medida não é descartada.
Não seria uma surpresa se Buenos Aires recorreu a essa estratégia novamente. Se isso acontecer, a China pode redirecionar volumes significativos para a Argentina, alterando o fluxo comercial em questão de semanas.
Geopolítica
A decisão chinesa também carrega um componente geopolítico. Ao interromper as compras dos EUA, Pequim envia um sinal de desconforto com a política tarifária americana e expande seu poder de barganha sobre os fornecedores da América do Sul.
Se o aumento de preços de soja ou derivado for refletido no consumo doméstico dos EUA, o tema pode se tornar uma agenda política. As pressões de Washington podem crescer se o consumidor sentir o impacto direto em seu bolso.
Reflexos para o Brasil
Para o Brasil, o maior exportador global, o movimento traz ganhos imediatos, mas também riscos estruturais. A crescente dependência de novas exportações e pressão sobre o parque industrial doméstico reforça a necessidade de equilíbrio entre competitividade e valor agregado.
O Brasil é fortalecido no curto prazo, mas precisa estar ciente do jogo geopolítico e dos gargalos internos. Só manterá essa vantagem se você investir em logística, expandir o processamento e garantir o equilíbrio entre exportação e indústria.
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