Recall do Airbus A320 afeta mais de 6 mil jatos

A Airbus ordenou uma atualização imediata de software em grande parte da família de jatos A320 depois de identificar que a intensa radiação solar poderia corromper os dados usados ​​nos sistemas de controle de voo. A medida deve afetar mais de 6 mil aeronaves em todo o mundo, segundo fontes do setor, e precisa ser implementada antes do próximo voo com passageiros.

A fabricante informou que um incidente recente envolvendo um A320 mostrou que os dados que guiam elevadores e ailerons podem ser comprometidos em condições específicas de exposição solar. Documentos consultados pela Reuters indicam que a mudança afeta o software responsável pelo processamento e controle dessas superfícies, que regulam o ângulo do nariz e a inclinação lateral da aeronave.

A Airbus reconheceu que a orientação provavelmente criará perturbações para companhias aéreas e passageiros. A Agência da União Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) deve publicar uma diretriz de emergência para padronizar o procedimento. Em parte da frota será possível operar temporariamente com uma versão anterior do software até a conclusão da atualização, o que tende a reduzir o tempo em terra.

Mesmo assim, a escala da operação pode impactar a malha aérea, principalmente no período de maior demanda no final do ano. Além da atualização, centenas de aviões podem necessitar de substituição de componentes de hardware, o que ampliaria o período de indisponibilidade.

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No Brasil, o A320 é operado pela Azul e pela Latam. A Azul informou que nenhuma de suas aeronaves está incluída no recall. A Latam não se pronunciou sobre o assunto até a última atualização.

Avianca

A Avianca disse que mais de 70% de sua frota de A320 foi afetada pelas orientações da Airbus. Segundo nota divulgada nesta sexta-feira (28), as aeronaves envolvidas serão mantidas em solo na chegada às suas bases de manutenção até que sejam concluídos os procedimentos exigidos pelo fabricante.

A empresa prevê interrupções significativas em suas operações nos próximos dez dias. Como medida preventiva, a empresa encerrou as vendas de viagens até 8 de dezembro, com o objetivo de reduzir o impacto e facilitar a reacomodação dos passageiros.

A Avianca disse que notificará diretamente os clientes afetados e apresentará opções de remarcação. A empresa afirmou que a prioridade é manter a segurança das operações e que realizará as modificações no menor tempo possível para restabelecer sua rede.

Caso JetBlue que motivou a revisão da Airbus

A atualização determinada pela Airbus ocorre após o incidente com o voo 1230 da JetBlue, no dia 30 de outubro, entre Cancún e Newark. A aeronave A320 fez um pouso de emergência em Tampa, na Flórida, após registrar uma queda repentina de altitude associada a uma falha nos sistemas de controle. Passageiros ficaram feridos durante o evento.

Informações divulgadas por fontes do setor, pelo portal AirlineGeeks e pelo perfil JonNYC indicam que o computador ELAC — responsável por interpretar dados de voo e controlar elevadores e ailerons — atuou sem comando dos pilotos. Documentos da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) e comunicações internas entre a Airbus e as companhias aéreas indicam que o problema afetou o módulo ELAC 2.

O aparelho, considerado central no sistema Fly-By-Wire, teria sofrido alterações nos dados processados ​​durante o voo. Após o pouso, o componente foi substituído e enviado ao fabricante Thales para análise. A aeronave voltou à operação normal após a troca da unidade.

Relatos preliminares indicam que a intensa radiação solar pode ter influenciado o funcionamento do equipamento, embora detalhes técnicos ainda não tenham sido divulgados pela Airbus. A correção será aplicada a toda a família A318, A319, A320 e A321, das séries ceo e neo. A atualização é realizada no solo e leva algumas horas para ser concluída.

Tanto a FAA, a EASA e a ANAC devem publicar cronogramas e orientações sobre o procedimento. Azul, Latam e Thales foram procuradas para comentar o caso e possíveis impactos operacionais.

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