Presidente da África do Sul não passará presidência do G20 para funcionário da embaixada dos EUA – Times Brasil

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, não transmitirá a próxima presidência do G20 – que cabe aos Estados Unidos – a um representante da embaixada norte-americana, face ao boicote de Donald Trump à cimeira deste fim de semana em Joanesburgo, anunciou este sábado (20/11) o governo sul-africano.

O presidente norte-americano recusou participar na cimeira ou enviar um membro do seu governo, indicando que o encarregado de negócios da embaixada dos EUA na África do Sul participaria na cerimónia de entrega da presidência em 2026 do bloco, que reúne as principais economias do mundo, a Washington.

O Presidente Ramaphosa “não entregará (a presidência) ao encarregado de negócios dos EUA”, disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros sul-africano, Ronald Lamola, à imprensa.

“Os Estados Unidos são membros do G20 e, se quiserem ser representados, podem enviar qualquer pessoa do nível adequado”, acrescentou, citando como exemplos um chefe de Estado, um ministro ou um “enviado especial designado pelo presidente”. Caso contrário, a transferência poderá ocorrer através dos canais oficiais, entre autoridades da mesma hierarquia, explicou.

Nos últimos meses, o presidente americano retirou os Estados Unidos de vários organismos internacionais. Notavelmente, ele iniciou a segunda saída americana do Acordo Climático de Paris e não enviou nenhuma delegação oficial à COP30 no Brasil.

O governo sul-africano também tem sido alvo de Donald Trump desde o seu regresso à Casa Branca, especialmente em relação à alegada perseguição aos africâneres, descendentes dos primeiros colonos europeus.

Numa nota diplomática datada de 15 de Novembro consultada pela AFP, a embaixada dos EUA em Pretória informou que “as prioridades da África do Sul para o G20 vão contra as opiniões políticas dos Estados Unidos” e aproveitou a ausência de Washington na cimeira para negar a Pretória a possibilidade de publicar uma declaração conjunta no final da reunião.

Na ausência não só de Donald Trump, mas também do seu aliado, o presidente argentino Javier Milei — que desprezou a cimeira — e de Vladimir Putin — ainda sob mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) —, a cimeira adotou uma declaração final dos líderes presentes na sua abertura.

No documento, os líderes do G20 presentes apelam a “uma paz justa, abrangente e duradoura no Sudão, na República Democrática do Congo, nos territórios palestinianos ocupados e na Ucrânia”. Afirmam também que querem proteger melhor o fornecimento de minerais estratégicos, essenciais para a transição energética, face às perturbações geopolíticas e comerciais.

“Não podemos ser detidos por um único país”, disse Vincent Magwenya, porta-voz do Presidente Ramaphosa, à imprensa.

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